domingo, 17 de janeiro de 2016

ENTREVISTA #1 - ASSIS OLUÁFÉFÉ


E nossa primeira entrevista do ano e da nossa carreira começará com o autor Assis Oluáféfé. Aqui vocês vão saber um pouquinho mais de quem ele é, de suas obras e de sua vida como autor. Acompanhem essa maravilhosa entrevista com uma grande pessoa!

Entrevista com Assis Oluáféfé (@AssisOluff) - https://www.wattpad.com/user/AssisOluff .


- Por que decidiu escrever? O que o motivou foram amigos, família ou até mesmo uma ideia antiga que nunca o deixou em paz? E como descobriu o wattpad?

Sou um leitor ávido, faminto mesmo! Desde que li um livro do Sidney Sheldon (O Reverso da Medalha) a ‘trocentos’ anos (risos!), que na época passava numa adaptação para série na TV Globo, comprei o livro físico numa banca de revista e devorei quase 600 páginas em 3 dias! “Uau”, eu disse embasbacado e a partir daí me iniciei na leitura, lendo praticamente de tudo: desde romances de banca, a terror, Nobel, autores brasileiros etc. Arriscava a escrever poesia, que guardo a sete chaves, pois é sofrível até hoje. A ideia de escrever ficção é relativamente nova – Começou há uns 6 ou 7 anos e resolvi externar meu desejo para um amigo, que incentivou a colocar no papel minha ideia inicial e como um preguiçoso, deixei de lado! Só vim a escrever com afinco, quando descobri o Wattpad a pouco mais de 1 ano e comecei minha saga de Mitologia africana e, a partir daí, sigo no caminho das pedras amarelas.


- Como foi o contato com o primeiro leitor? E como reagiu nos elogios e nas críticas?
O contato com o primeiro leitor foi calmo (risos), ele elogiou e disse que nunca tinha lido nada como o que eu escrevia! Mas, sou crítico demais e não acho que no começo escrevia algo legal, no máximo apenas legível. Gosto de receber feedback do que escrevo, pois ele é o termômetro do grau de satisfação do leitor e muitas vezes trás nuances de observações que nos ajudam a desenvolver melhor a estrutura da narrativa. Descobri o Wattpad há quase dois anos, num comentário de um conhecido no Facebook, coloquei no ‘Papai Google’ e achei um lugar incrível e, para um leitor acumulativo como eu, um parque de diversões!
- Sente alguma insegurança ou medo em publicar o livro físico, ou prefere deixá-lo em mídias como o Wattpad?

Não sinto medo de publicá-lo em meio físico, sinto que, para isso, ele terá que passar por uma revisão mais criteriosa e, lógico, lançá-lo por uma editora que não me deixa nadando no oceano Ártico! Gosto do retorno que o Wattpad me trás e tenho certeza que nunca deixarei de estar por aqui, publicando, lendo, curtindo e comentando.


- O que acha do mercado nacional editorial? E os outros mercados estrangeiros, vê alguma vantagem em publicar lá fora?

Leio sempre sobre o mercado editorial daqui e estrangeiro, suas notícias, novidades, resenhas etc. Para título de informação e conhecimento. Sinto que tanto um quanto o outro estão em franco crescimento em termos de tiragem e lançamentos, porém percebo que muita coisa ruim é publicada, como sinal de que "ondas" de modismo vêm e vão. Hoje são os hots, fantasia e distopias que estão na moda, porém se você garimpar verá que a qualidade, ou seja lá o filtro que você use, para saber se algo é bom ou não. Verá que tem muita coisa que realmente não deveria estar nem publicada e muito menos tendo um marketing de vendas tão agressivo em cima do público leitor... Mas estamos aí para sobreviver a qualquer Apocalipse. Complementando: para ser descoberto lá fora teria que ser incluído em muitas variáveis, dentre as quais a língua estrangeira para mim é o maior empecilho, porém adoraria de qualquer jeito que acontecesse algo bem viável para mim, tenho planos de traduzir e publicar pelo Wattpad em inglês meus escritos, vamos ver no que vai dar esse 2016!


- Sabemos que um de seus livros usa a mitologia africana como base. Por que a escolha? E como é o trabalho de pesquisa e elaboração do livro?

Quanto ao meu livro mais longo “Orun-Aiyê: Guerra Santa” elevem preencher uma lacuna que falta no âmbito da fantasia. Sou de Candomblé e sempre fui fascinado com as lendas que envolvem os orixás, deuses e heróis africanos e me sentia frustrado por nunca encontrar nada que falasse desses feitos fantásticos numa narrativa de aventura, suspense e fantasia, como acontece com as de outras culturas, como a grega e a nórdica. Com essa pulga me coçando, imaginei uma espécie de história romanceada onde reinterpretaria essas lendas, amarrando-as, esse foi o embrião inicial. Fui atrás de material sobre escrita, roteiro e escrevi um cena que até hoje guardo, mas que não tem nada a ver com o que está sendo publicado (risos!) Uma noite sonhei com a cena descrita no primeiro capítulo e travei amizade com o escritor de horror maravilhoso, Cesar Bravo, e mandei o que estava escrevendo para ele analisar e, para minha surpresa, ele gostou e me recomendou publicar! A partir daí já é lenda (risos!) O que escrevo é fundamente embasado em pesquisas, sites estrangeiros (Google tradutor é Deus!), livros (Verger, Prandi, Segato, Sikuru Salami etc) e estudo as lendas, vejo as semelhanças e diferenças e a partir daí esquematizo as personagens, ações, poderes e atributos e encadeio os acontecimentos tentando dar uma forma decente ao que escrevo e que não choque nem puristas e nem leigos (estou falando de deuses que tem uma personalidade própria e que são adorados até hoje por milhões de pessoas - Eu inclusive). Já passei tempos sem publicar quando as pesquisas emperravam, mas costumo soltar um capítulo a cada semana ou nove dias, dependendo da minha dificuldade com o assunto. No mais, são quase 2 anos escrevendo essa aventura e estou cada vez mais familiarizado com a temática, sendo que escrevi dois contos usando a mitologia africana que foram Menção Honrosa em dois concursos do ‘FantasiaBr’ aqui do Wattpad, o que me deixou muito feliz com o reconhecimento de um trabalho. Voltado para uma mitologia ainda marginal e pouco reconhecida ainda pelo grande público e espero que cada vez mais as pessoas se maravilhem com essas histórias tão fantásticas e que não devem nada a de outras culturas.


- Qual o recado que quer deixar para os escritores e leitores?

Como recado final aos leitores: Leiam! Leiam! E leiam. Relaxem e pensem sobre o que leram para saborear tudo o que foi escrito e depois leiam mais e mais! E aos escritores, o que aprendi com o mestre Cesar Bravo: Leia muito, escreva, escreva e escreva mais, depois reescreva, revise e escreva! Nada no mundo me dá mais prazer do que essas duas atividades: Ler e escrever, e se vou deixar uma marca no mundo para o futuro, que seja minha filha e o que imagino e transcrevo em palavras. Meu mundo! Obrigado pela atenção e espero ter sido o mais objetivo possível.


P.S. do entrevistado:

Só mais uma coisa que esqueci de mencionar: Se me perguntassem se eu tenho algum escritor que posso ter como inspiração, eu responderia - Não tenho apenas um, mas três que me permitiram crescer como leitor de fantasia e terror. Stephen King, mestre da sutileza que é a beleza que existe por trás do terror: Clive Barker, não existiria terror gore junto com filosofia e infernos mais medonhos sem esse inglês; e, por último, o brasileiro Cesar Bravo, que na minha humilde opinião é o mestre brasileiro do terror, com sua base gore e sua prosa ácida e visceral.

Um comentário:

  1. Ótima entrevista. Assis tem ideias próprias, calcadas e embasadas em suas experiências e crenças. É uma leitura muito boa. Obrigado pelas citações. Forte abraço!

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